terça-feira, 25 de setembro de 2018

TRINTA CENTAVOS DE REAIS!

Quando saio pra triciclar me despojo de quase tudo. Carrego comigo somente o essencial. A carteira de motorista com a identidade e CPF;  o meu cartão do SUS e do Plano de Saúde; uma garrafinha com água gelada -- daquelas que os ciclistas instalam em suas bikes; -- uma fruta -- banana ou tangerina; -- um dinheiro plástico; um troquinho, para alguma eventualidade; um apito e um contador manual; Ah! Um  velho celular para registrar as peripécias, encontros e reencontros; Sandálias japonesas, short, camiseta e certamente meu chapéu completam minha vestimenta.  
Este fato que passarei à narrar,  aconteceu na minha triciclada do dia 22/09/18, sábado, pela manhã, na av. Duque de Caxias, próximo ao Santuário de Fátima, Belém, Pará.

01. Santuário de Fátima, Belém, Pará.
Eu tinha acabado de fazer uma pequena compra numa loja próxima que totalizou R$10,30.Paguei com R$15,00 -- era o que eu tinha -- e recebi obviamente um troco de R$4,70. Momentos depois, avistei um veículo estacionado mais adiante em uma das vagas do canteiro central da avenida. Estava vendendo morangos.Na placa anunciava o preço: R$4,99!
02. Vendedor de morangos.
03. Morangos em bandejas.

Me dirigi até ele. O vendedor, sentado no banco do motorista, com as pernas levantadas por cima do guidom manuseava seu celular. Quando disse que eu queria comprar morango ele mais que depressa se levantou, abriu a porta e se dirigiu para onde estava as bandejas de morango, expostas na carroceria do carro. -- Me faz uma por R$4,70? Perguntei, já segurando uma bandeja escolhida. -- Não posso! -- Respondeu ele, secamente. Devolvi a bandeja e sai. Ao comentar o fato que tinha acabado de acontecer  com um flanelinha, um senhor  que faz ponto nesse trecho e com quem sempre cruzo em minhas tricicladas por aquelas bandas, cumprimentando-o e ele sempre respondendo.

04. Sr. Raimundo, flanelinha da av. Duque de Caxias, próximo ao Santuário.

05. Sr. Raimundo, flanelinha da av. Duque de Caxias, próximo ao Santuário.
Assim, de supetão, ele pegou uma pequena sacola plástica onde guardava a sua "renda",  e abrindo-a me ofereceu: -- Pegue R$0,30 e compre o seu morango.
06. Trinta centavos de reais.
Eu, de certa forma surpreso, acenei que não. Mas ele insistiu e escolheu as moedas e me deu. Peguei, agradeci e fui comprar os morangos no carro estacionado bem perto. -- Taqui. R$5,00. Peguei a bandeja de morangos, agradeci e fui embora.

07. A bandeja de morangos.
Retornei com o flanelinha e ofereci uma das tangerinas que levava comigo pro meu lanche. Finalmente papeamos um pouco e segui caminho cantarolando:
"O mundo é bão, Sebastião 
O mundo é bão, Sebastião 
O mundo é bão, Sebastião 
O mundo é teu, Sebastião…".

Agora, alguns dias depois do fato acontecido, analiso a situação e concluo, sem querer julgar nada ou ninguém. O vendedor de morangos exercitou a sua profissão de comerciante: Vender é claro e com lucro! Por mais que tenha me parecido um vendedor desatento, pelo jeito largado com que recebeu o consumidor, mas mesmo assim exerceu o seu papel. Se era R$4,99, então tinha que ser R$4,99 -- mesmo a gente sabendo que aquele um centavo faz parte do marketing...Quem sabe o "patrão" lhes tenha imposto esse valor como condição para continuar como seu vendedor!
08. O vendedor.
O flanelinha, porém, despiu-se de qualquer senso de vendedor de serviço -- o de guarda dos veículos, que muitas vezes é apupado, inclusive por mim -- e compartilhou algumas moedas, sabe-se lá quanto tempo precisou para angariá-las e às ofereceu pra mim sem titubear.
09. Sr. Raimundo, o flanelinha bondoso.

 Repito o refrão:
"O mundo é bão, Sebastião!
O mundo é bão, Sebastião!
O mundo é bão, Sebastião!
O mundo é teu, Sebastião…"  

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