quinta-feira, 27 de setembro de 2018

ÍNDIOS WARAO. A "PRÁTICA DE PEDIR DINHEIRO" NAS RUAS DE BELÉM.

01. Índios Warao em Manaus, Amazonas.
Eu ia chegando ao cruzamento da ciclo via da av. Duque de Caxias, com a trav. Angustura, Belém, Pará. Era manhã do dia 22/09/18, sábado. De repente, ao olhar para a calçada da esquina, do lado esquerdo da avenida, deparei-me com um fato no mínimo insólito: Um grupo de índios waraos desembarcando de um táxi. Tinha eu estacionado na margem da ciclo via, no canteiro central, ao lado da guarida da cooperativa de taxistas de um supermercado localizado no canto da avenida com a travessa. Não me contive e comentei com um dos motoristas que lá estavam: -- O senhor viu? Os índios chegando de táxi para a labuta diária de pedir esmolas no cruzamento? -- Questionei eu. -- Ah, meu amigo, o senhor não sabe de nada! Não é só na chegada, mas quando vão embora eles usam também os nossos táxis.-- Arrematou ele. -- Mas?! -- Tentei novamente questionar, mas ele continuou. -- Eles faturam alto! Já vi irem trocar no caixa do supermercado a "renda" do dia e voltarem com várias notas de R$100,00...Chamam um de nós e se mandam! 
-- Será mesmo verdade isso?
Cheguei em casa e ainda intrigado fui pesquisar no prof. Google. Quem são os índios waraos? 
Olha só que encontrei na Wikipédia: 
"1) Warao é uma etnia indígena que habita o nordeste da Venezuela e norte das guianas ocidentais.[2] Suas alternativas de escritas gráficas comuns são WaraoWaroaGuarauno[3], Guarao[4] e ou Warrau.[5] O termo Warao traduz como "povo do barco",[5] após a conexão íntima ao longo da vida dos Waraos com à água. A maioria da população é de aproximadamente 20.000 habitantes, localiza-se na região do delta do Orinoco na Venezuela, com números menores nas vizinhas Guiana e Suriname.[2] Sua língua falada é aglutinante, chamada também de Warao.[2]
2) Os Waraos do Orinoco da Venezuela oriental tiveram seus primeiros contatos com os europeus quando, logo depois de Cristóvão Colombo ter alcançado o delta do rio Orinoco,[6] Alonso de Ojeda decidiu navegar contra a corrente do rio adentro.[5] Lá, no delta, Ojeda viu as cabanas dos Waraos distintamente empoladas, equilibradas sobre as águas, tendo comparado a arquitetura semelhante em Sinamaica, de longe para o oeste e tido comparações com a cidade de Veneza, e os seus famosos canais abaixo dos edifícios;[6] este novo encontro propagou o nome de Venezuela ("pequena Veneza") para a região inteira, sendo mais tarde o nome oficial do país sul-americano.[5] 
02. Índios Warao. Delta do rio Orinoco.


03. Moradias dos Índios Warao. Delta do rio Orinoco.


04. Índios Warao. Delta do rio Orinoco.


05. Devido à semelhança das habitações com a cidade de Veneza, Itália, as cidades Warao foram chamadas no tempo de Cristóvão Colombo, de Pequena Veneza. Daí o termo Venezuela.


06. Grupo de mulheres Warao em Manaus.


07. Índia Warao na "prática de pedir dinheiro" em Belém, Pará. Av. Duque de Caxias esquina da trav. Angustura. 2018.


08. Índia Warao na "prática de pedir dinheiro" em Belém, Pará. Av. Duque de Caxias esquina da trav. Angustura.2018.
Capturado em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Waraos

Em 26/09/2018; 18:40 h.
Em PARECER TÉCNICO N°10/2017 – SP/MANAUS/SEAP, que teve como objetivo de descrever e analisar a situação dos indígenas da etnia Warao em Manaus, provenientes da região do delta do Orinoco, na Venezuela, o sr. PEDRO MOUTINHO COSTA SONEGHETTI Analista do MPU/Perícia/Antropologia, dentre outras características, diz:
"1) Os povos Warao são normalmente descritos pela literatura antropológica como hábeis pescadores, navegadores e construtores de canoas, que também praticam tradicionalmente a caça e a coleta de vegetais – sobretudo do moriche (buriti) – tendo como principais fontes de alimento o pescado, o mel silvestre e a yuruma (sagu de palma de buriti) (ibid.). Há também o registro de grupos que desenvolvem práticas agrícolas7 – com predomínio do cultivo de ocumo chino (cará), plátano (banana) e yuca (mandioca) –, criação de animais e confecção de artesanato (para uso próprio e venda), sobretudo aquele feito a partir da fibra do buriti. 
2) Os Warao são falantes de uma língua comum de mesmo nome e a maioria dos que se deslocam até o Brasil são falantes também do espanhol, embora o grau de fluência seja variável;
3) Os Warao afirmavam que sua vinda para o Brasil era motivada pela busca por alimentos, dinheiro, medicamentos e trabalho (fixo ou temporário). A escassez de comida e seu alto custo na Venezuela eram constantemente ressaltadas como as principais causas para saírem de seu país de origem. Muitos relatavam que alguns familiares haviam se deslocado um ou dois anos antes para o Brasil, retornando com a notícia de que aqui era possível conseguir comida e recursos financeiros, os quais eram obtidos a partir da venda de artesanato, da prática de pedir dinheiro nas ruas e de trabalhos temporários realizados pelos homens;
Finalmente: De acordo com o antropólogo García Castro (2000), o mecanismo de sobrevivência desenvolvido pelos Warao no ambiente citadino “ainda que à primeira vista possa parecer extemporâneo, totalmente alheio a sua condição e valores culturais, não é, em minha opinião, mais que a aplicação das técnicas tradicionais de coleta, que levam a cabo, fundamentalmente, mulheres e crianças em seu habitat original, transportadas para um ambiente radicalmente distinto dos charcos deltaicos, dentro de um contexto, naturalmente, de um processo de mudança que os está deslocando de seu habitat tradicional para ocupar novos espaços. A partir deste ponto de vista, a coleta de esmolas dos transeuntes representaria analogamente a obtenção de excedentes recolhidos em um ambiente urbano, à semelhança do que seria a coleta de frutos e pequenos animais em seu habitat natural” (GARCÍA CASTRO, 2000, p. 85 – tradução livre)"
Agora, vejam e leiam uma das considerações finais do parecer acima citado:
"9) A prática do pedir dinheiro pelas mulheres Warao, muitas vezes acompanhadas pelas crianças, destaca-se como um modo de sobrevivência dos Warao no contexto urbano, a partir de escolhas e modos culturais próprios, diante das restrições impostas à permanência em seu território tradicional. Tal prática, contudo, não se destaca como uma “atividade tradicional”, mas sim como uma “estratégia adaptativa”, de modo que, diante de oportunidades reais de trabalho, seja possível pensar a realização de outras práticas para acesso a recursos. O acesso ao trabalho, nesse contexto, aparece como uma importante demanda dos Warao.
Bom. Chega!!!
Trocando em miúdos: Waraos = Povos dos barcos, das águas;
Venezuela = Pequena Veneza!
Pedir esmolas = Prática do pedir dinheiro = Obtenção de excedentes recolhidos em um ambiente urbano, à semelhança do que seria a coleta de frutos e pequenos animais em seu habitat natural (Segundo GARCÍA CASTRO, 2000, p. 85 – tradução livre)
Capturado em: http://www.mpf.mp.br/am/sala-de-imprensa/docs/parecer-tecnico-warao 
Em 26/09/18, 18:45h.  
Imagens: Com exceção das imagens n.º 07 e 08, as demais foram capturadas em diversos sites da internet.

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