quinta-feira, 28 de março de 2019

A PELE DO BOSQUE.

 
Hoje, 28 de março de 2019, quinta feira, pela manhã, sem chuvas, resolvi estender minha triciclada até o Bosque, visto que meu objetivo estabelecido não foi completado: A loja de materiais militares fechou, cerrou as portas! -- Ia renovar meu chapéu preferido. 
Portanto, estando perto dali e com tempo disponível suficiente, alcancei a calçada do Bosque pela trav. Perebebuí. Devo dizer que este era um dos passeios dominicais preferidos pela minha família -- Meu pai, minha mãe, meu irmão e eu -- uns 50, 60 anos atrás. Quase todos os domingo íamos, a família toda, passear no Bosque Rodrigues Alves -- que de uns tempos pra cá recebeu o quase intragável título de Bosque Rodrigues Alves Jardim Zoobotânico da Amazônia! -- Aquilo pra mim era como de repente entrar em um universo, em um espaço imensurável, desconhecido, porém, ao mesmo tempo intrigante e desafiador. Quase infinito! Passeios de charrete, de canoa, ou simplesmente caminhar ou correr pelas trilhas de areia franjadas pela exuberância da floresta amazônica! Ver os peixes-bois, os macacos, os jacarés, as ariranhas, a onça, as araras e papagaios, enfim, todo um universo de seres envolvidos por todas as partes, por árvores gigantescas como as samaumeiras, as castanheiras, os angelins e  uma série quase infinita de palmeiras e cipós.
Na manha, segui em frente, cheguei na calçada da av. Almirante Barroso e continuei à olhar e recordar.... Cheguei no portão de entrada principal. Continuei à escanear cerebralmente a paisagem e ao mesmo tempo abrir os arquivos da memoria de 50, 60 anos atrás... O que via agora: Muros pichados -- Ah, mas não é só lá! -- dirão alguns; Placas completamente apagadas; letreiro principal na parede faltando algumas letras e pichado; estátuas dilaceradas e mastros que certamente hasteavam as bandeiras nacional e do Pará, prestes a cair... Fotografei e filmei. 
 
 
Foi ai que me veio a ideia: Estou vendo apenas uma parte da pele de Bosque. Vou dar um giro completo: av. Almirante Barroso > trav. Lomas Valentinas > av. Rômulo Maiorana> trav. Perebebuí e de novo av. Almirante Barroso. Quero ver como estão todas as peles deste corpo, deste ser. Então segui em direção à trav. Lomas Valentinas. Alguns ambulantes que ocupam a calçada próxima da parada de ônibus e se estendem até alguns metros na trav. Lomas Valentinas. Observei então que a pele começou a ficar mais velha, mais dilacerada, parasitada que está por limos e outros seres. As grades do muro enferrujadas ou quebradas. O piso da calçada em pedras portuguesas, vez por outra danificados, cacos jogados ao léu. 
 
 
Chegando na esquina com a av. Rômulo Maiorana, a falta de rampas para cadeirantes ou pessoas preferenciais me chamou a atenção. Embora na trav. Lomas Valentinas exista uma ciclo faixa, em nenhum ponto tem sequer uma rampa. Fiz um retorno mental the flash e constatei que em nenhum dos quatro cantos do quarteirão e nem em outra posição ou localização -- na entrada principal, por exemplo -- essas rampas existem!  
 
 
 O meu tempo se esgotou e finalizei com uma terrível hipótese: Se a pele está assim, imagine o cérebro, os pulmões, o coração, o estômago, o intestino, enfim, todos os órgãos deste ser que faz parte da nossa mãe Gaia, como estarão? 
Aqui os vídeos:



(*) Todas as imagens e vídeos são de minha autoria.

2 comentários:

  1. É Gondim, descaso total dos governantes pela nossa herança cultural, aliado a um povo deseduca do, desassistido que está mais preocupado com o almoço de amanhã e não está nem aí com o bem comum.
    Se essas grades fossem de latão já as teriam arrancado para vender como sucata.
    Triste!

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  2. Obrigado pela sua leitura e cabíveis e pertinentes comentários.
    Sobra aquele dito: Qual será o futuro de um povo que não venera o seu passado e nem conserva o seu presente?

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